segunda-feira, 25 de abril de 2011

A dança...



Na dança nossos corpos se encontram, se completam, se afirmam e se separam.... Tudo isso como um todo... e o todo com isso tudo e tudo novamente...

Passando a mão pela sua cintura ela se encaixa como se o molde tivesse vindo dali... Travo minhas mãos em suas costas enquanto lhe trago pra bem perto em um único movimento...

Seu corpo amolece seguro em mim e se joga para trás em movimentos libertinos...
Ainda seguro pelas minhas mãos giro minhas pernas te trazendo para dentro dos meus braços...

Sua cabeça cai.. o pescoço se mostra como se esperasse.... meus lábios passam a centímetros que lhe fazem sentir apenas um leve e quente sopro...

Assim como na vida, da dança nomenclaturas não nos importam... não seguimos regras de nenhuma delas... se algum cético chegasse ali teria denominação a dar tal como...o amor transfigurado na forma mais envolvente da dança...

Nos corpos se levavam por si só.. nossa razão ali era conduzida apenas pelo apoio físico que se fazia necessário...

Segurei suavemente sua mão direita.. enquanto te girava você foi ao longe... e quando menos esperava a puxei de volta, caindo em meus braços como quem pula de um precipício...

Minhas mãos correspondendo ao ritmo lento da musica lhe deixa de frente a mim... meus dedos tocam suavemente sua face enquanto olho seus olhos tendo certeza de cada palavra não dita e sentindo todo e qualquer passo que iríamos dar.. a Linguagem Corporal era gritante a quaisquer olhos a volta...

Segurando sua cintura bem perto a mim enquanto suas mãos subiam e se entrelaçavam minha mão passava suavemente pela sua cintura aonde era agarrada forte... levantada...... como se quiséssemos voar e fugir dali...

Enquanto nossas pernas seguiam um ritmo único e uniforme uma das mãos passava os dedos pela sua nuca e agarrava seus cabelos... lhe segurando a cabeça e carinhosamente e intensamente lhe desejando em cada gota de silêncio do casal...

Voltando a mão direita a sua enlouquecedora cintura... a apoiei forte.. com se quisesse apenas lembrá-la que estava ali..segura...

Nossas pernas ali se entrelaçavam e nossos corpos se envolviam juntos ao ritmo da música cada vez mais intenso.....

Em um movimento único minha mão esquerda até então livre segurou seus dedos e lhe girou como se quiséssemos espalhar aquele nosso prazer na dança para aqueles que tentavam entender...

Sua cintura e minhas mãos continuavam a se encontrar e desencontrar como quem mata e morre de saudade no segundo seguinte...

Você se distanciou, sempre com os olhos firmes nos meus veio correndo... me deu as mãos e passou rápido.... e de costas lhe puxei, girando junto, assim em um único movimento nos encontramos frente a frente...

Olhamos-nos por seis exatos segundos... minha mão com identidade própria segurava sua mão direita.... lhe girei novamente para fora.... você fez um giro completo e apoiando suavemente em minhas pernas caiu....segura pela minha mão esquerda que já lhe havia agarrado.... te levando próxima ao chão... nossos corpos na horizontal a centímetros do chão... meu corpo se curvou ao seu.... afastando sua franja com um toque carinhoso em sua face...

Nesse instante nossos olhos cada vez mais ao encontro se fecharam e nossos lábios se tocaram, o encaixe era deliciosamente perfeito... e aquela pouca razão foi embora....dando lugar ao êxtase que só dois corpos apaixonados poderiam sentir...

Senti aquele raro momento quando o beijo é mais que físico, mais que pele...

Poderia insistir em rotular aquela cena o tal amor transfigurado na forma mais envolvente da dança...

Eu não!

Preferi chamar assim... puro e simples.. completo pelo sentimento...

Preferi chamá-lo apenas...

... Amor.


Felipe Teles

Um comentário:

Emerson NunesS disse...

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