terça-feira, 17 de setembro de 2013

Meu sonho tem gosto de pudim... e o seu?


- Mãe, eu tive um sonho?

- Que sonho, meu filho?

- Eu não sei... só que ele tinha cheiro de baunilha e gosto de pudim.

- Que sonho, foi esse menino?

- Não sei mãe, eu sei que acordei com esse cheiro e esse gosto aqui dentro da minha mente.

- E o sonho era só isso? – pergunta a mãe indignada com a lógica do filho.

- Por que tinha que ser diferente?

- Porque meu filho, um sonho não pode ser assim, ele ter que ter imagens, uma história, vc não se lembra de alguém que fazia parte desse sonho?

- Não, mãe, no meu sonho, não tinha imagem, não tinha história e não tinha gente. Ele só tinha gosto e cheiro.

- Oh meu filho, então tudo bem. Esquece isso e vá pra brincar...

Joana percebeu que Bento, estava muito quieto como se os pensamentos estivessem imersos a uma distância inalcançável.

Após um tempo, decidiu se aproximar do filho e acarinhou a sua cabeça. Bento se deitou no colo da mãe e com os olhos marejados disse:

- Mãe, será que eu tenho algum problema? Não consigo me lembrar de nada que você disse que o sonho deveria ter...

- Meu filho, você não tem problema algum. Nós adultos que procuramos lógica e entendimento em cada gesto, em cada atitude.

- Quer dizer então, que eu não sou doido? Pelo meu sonho ter cheiro de baunilha e gosto de pudim?

- Não, você não é doido. Você simplesmente me ensinou que as coisas são o que são, e quem dera eu pudesse acordar de um sonho com um gosto de pudim.

Os dois se abraçaram com cumplicidade.

Como diria um sábio escritor W. S “Somos feitos da mesma matéria dos nossos sonhos”

 Bethiara Lima

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O poeta apaixonado.



Sou poeta apaixonado
amigo da vida
companheiro do tempo
que fui privado.

Sou poeta apaixonado
solitário andarilho
das estradas secas
e casas sem telhados.

Sou poeta apaixonado
cheio de bravura
lealdade e tolerância
um homem machucado.

Sou poeta apaixonado
popular como palhaço
dono do discurso solene
''amo e sou desprezado''.

Sou poeta apaixonado
pelo gosto da sorte
beijando seus lábios
meu céu ficou estrelado.

Sou poeta apaixonado
inimigo da mentira
cúmplice do amor
que por você foi esmagado.

Sou poeta apaixonado
verbalizo o silêncio
escrevendo na linha
dum devaneio amado.

Sou poeta apaixonado
escravo da ternura
leva-me ao paraíso
desse mundo iluminado.

Sou poeta apaixonado
cultivador de uva
delicado no toque
apreciador do sabor apurado.

Sou poeta apaixonado
ressuscitado e livre
da imensa amargura
dum coração petrificado.

Sou poeta apaixonado
artista das dores
vitorioso menino
pronto à ser desmamado.

Sou um poeta apaixonado.
sou poeta apaixonado
poeta apaixonado
apaixonado.

Renato Alves

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A areia do tijolo.




A cor do sol encontra-se nublada, envergonhada
entre tranças, castelos de tijolos dourados, chinelos sem sola,
sorrisos carentes, vontades, mentes que mentem
vivendo o sonho de chutar aquela bela bola.

Respiro ares poluidos pela fragrância da maconha
minha alma não tem porta, fogão, chão, fronha
só existe eu, emaranhado nas núvens que refresca
minha favela linda ilustrada na face da criança risonha.

Vou crescendo crendo na oração que vovó Maria ensinou
em nome do Pai, do Filho e do espirito santo escrevo,
encontra-me, AQUI!, pois aqui estou.
ponderando minhas lágrimas, mantendo a calma
expressa em todos para-brisas num faról qualquer
sendo NOME, SOBRENOME, alguém por favor bata palmas
ao menos deixem eu comer com colher.
Escrevo a letra com as mãos,
por quê ensinaram-me a ser minúsculo?
cabe á mim soletrar cada palavra, desejos, cada gota do meu suor?
aonde encontro meu leito, minha esperança está úmida
não quero mais a pipa vermelha no alto do beco,
quero descançar meus muscúlos.
PRAZER! meu nome é Maloqueiro Alváres Cabral
sou filho da prostituta : Patriana São Paulo Capital
quero comer pão, estou com frio, tomei banho no rio
não faz mal, um dia meus passos será louvor celestial.
festejarei minha vitória ouvindo ruidos ilusórios
graves vozes gritando: OLHEM para ELE,
porpúrina, bandas, santa-ceia, casório
alegres estamos, eu mais eu, somente eu rindo deles.

Nesse universo paralelo vivo e perpetuamente viverei
cicatrizado pelo dia após dia,
eu sei, sempre soube, sempre saberei
nascerá uma nova vida para saber onde errei
qual o significado da luta, preconceitos, feridas
graças a DEUS, numa ensolarada tarde vencerei
a vitória de vivenciar essa vida querida,
AMÉM.

RENATO ALVES!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Adeus



Adeus...

Ouço apenas os passos da escada, o barulho da mala, e uma lágrima no canto dos seus olhos.

Vc vai?

Sim, não posso mais viver aqui.

Você não acha melhor pensar mais um pouco. Naquele momento em meu pensamento senti uma louca vontade de me jogar nos seus braços, de ajoelhar se fosse necessário para que ele não me deixasse.

Eu não tenho mais nada a pensar, eu não posso conviver olhando para você, sentindo seu cheiro, sentindo a vontade de te colocar nos meus braços.

Eu não posso!

E você pode partir? Me deixar sozinha? E tudo que vivemos? Nossa história?

Nossa história não passa de um amontoado de lembranças, as mais lindas, mas apenas lembranças. Não é só de amor que uma relação é baseada.

Adeus.

Aquele adeus mutilou cada parte do meu coração, ele apanhou as malas e saiu da sala.

Sem olhar para trás, apenas saiu.

E eu me vi ali, naquela casa que me esmagava com todos aquelas fotografias, o cheiro dele impregnado em cada detalhe, nas colchas, na toalha, no sofá... como eu poderia continuar ali.

Sufocada, queria gritar, chorar, correr, queria tudo menos te perder.

Quando me dei conta já era de madrugada e estirada no chão daquela sala.

Me olhei no espelho e me vieram na cabeça as suas últimas palavras: uma relação não se baseia em apenas amor.

Foi quando eu entendi no que fere em uma relação não são apenas as palavras ditas, mas sim tudo aquilo que é calado, omitido.

Ele se foi, infelizmente não sozinho, carregou toda a minha alegria, todos os meus sonhos...nem toda a separação pode ser compreendida, apenas sentida.

Aquele adeus se fez em mim como uma chama de recomeço, a vida me cobrava para olhar para mim e só assim eu poderia fazer daquele adeus um até logo.

A minha chama de esperança...

Goodybye my lover...

Bethiara Lima

sábado, 3 de setembro de 2011

CORDEL URBANO


Entre o sertão e a cidade
da humildade a vaidade ,
existe uma semelhança que se encontra em paridade
a secura do sertão que se encontra na cidade .

De um sertão que falta água
a metrópole que sobra mágoa ,
parte de um cordel urbano
onde o cangaceiro aqui é denominado mano.

E tanta semelhança que até o ritmo tem parente
o encontro de dois primos o rap com o repente.
Do cangaço com seu solo todo cheio de ranhura
ao asfalto e calçadas que aqui se chama rua.

Felicidade na catinga quando vem o temporal ,
leva as casas na cidade pela renda desigual.
O pau de arara que carrega o peão até a fazenda
é o ônibus que também leva o cidadão a sua renda.

Pra notar as semelhanças , só depois que comparamos ,
fica aqui o meu respeito aos brejeiros e aos manos.

Felipe Souza

terça-feira, 28 de junho de 2011

Sofrimento nunca mais



Não vou mais sofrer antes do tempo ! Quantas vezes você já não disse isso a si mesmo ? Eu já disse isso muitas vezes, mas nunca cumpri. É, não é fácil. Não é fácil você engolir o choro e ser forte em algumas ocasiões.

Como a gente sofre a toa, como a gente sofre sem motivo. É impressionante isso ! Basta um motivo qualquer pra derramarmos litros de lágrimas. Não deveria ser assim. Deveríamos ser fortes, só isso. Deveríamos nos controlar, só isso. Mas não dá. Quando você se dá conta já está retocando a maquiagem e fingindo que nada aconteceu.

O sofrimento não é uma coisa boa, mas nós continuamos sofrendo. Continuamos chorando por quem não nos merece. Continuamos nos momentos deprê por motivos fúteis. Não vejo explicação pra isso porque sinceramente eu sou assim na maioria das vezes. Se o sofrimento não é uma coisa boa, por que continuamos sofrendo todo dia, todo mês ou todo ano ?

Ficamos ansiosos pelo resultado de algo e sofremos. Passamos a noite acordada esperando que uma pessoa ligue (porque ele prometeu que ligaria) e sofremos. Vemos a pessoa amada (ou não) com outra e sofremos. Nos machucamos por bobeira e sofremos.

O que vocês acham da ideia de dar um basta no sofrimento ? Se algo não deu certo na vida, vamos continuar em frente. Vamos continuar lutando para que o que você tanto quer dê certo. Chega de derramar lágrimas e borrar a maquiagem sem motivo !

"Tudo neste mundo tem o seu tempo; cada coisa tem a sua ocasião."

Eclesiastes 3:1

Gabriela Leonel

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Eu e meu dedo podre.



Eu escolho os meus relacionamentos a dedo, no entanto, isso até seria bom não fosse pelo fato das minhas escolhas serem feitas pelo meu dedo podre. Sim, eu tenho um dedo podre! Alias é um dedão enorme de podre. É um dedo que consegue ir direto e reto nos homens errados, naqueles homens que com certeza vão me deixar esperando, sem nenhum constrangimento, e que também me farão sofrer e chorar.

Meu dedo é certeiro, ele consegue atrair as melhores espécies do sexo oposto. Ora ele atrai um tipo galinha, ora atrai um tipo folgadão, quando não um tipo egoísta, daquele que enxerga apenas o seu próprio umbigo.

As últimas espécies que meu dedinho atraiu foram marcantes. Um tinha o ego lá nas alturas, se achava um Deus, a última bolacha passatempo recheada do pacote, o outro gostava tanto de si mesmo que parecia a própria reencarnação do Narciso. Sem citar o cara de pau comprometido que desejava compartilhar o seu amor entre eu e a sua namorada.

Por um tempo eu até pensei que meu dedo podre tivesse me dado folga, mas depois percebi que meu querido dedinho tinha apenas me dado uma trégua para eu ganhar fôlego até que o próximo cidadão aparecesse.

Meu dedo podre deu mancada de novo. Atraiu um tipo tímido com jeito de bom moço. Até agora eu não sei onde meu dedo podre estava com a cabeça para não ter desconfiado a tempo do cidadão com jeito de bom moço. Depois dessa experiência descobri que um tipo desses chega a ser mais nocivo que todos os outros tipos citados acima.

O tipo bom moço pisou na bola, fez feio, mostrou ser uma coisa, quando na verdade era outra. O tipo bom moço parecia merecer estar perto de mim, parecia merecer a minha consideração, o meu carinho...que nada...engano meu e do meu dedo...A boa notícia é que agora estou vacinada e tão cedo um tipo assim não vai chegar perto de mim.

Camila Santos