Sem rumo só barulho de buzinas e agora...
Dou bom dia pro cachorro até pro sol fecha o farol pego minhas coisas e vamos embora!
A noite não demora...
Me sujeito a desrespeito e preconceito de quem xinga ou me escuta e ignora
Minha esperança adora...
O pão e atenção da oração de coração da dona que sempre ora
Mais nem sempre é assim...
Já vi a luz do fim e tudo que é ruim piora
Meu cachorro decora...
O caminho até o tiuzinho de um bar que colabora
E ao chegar pude notar que lá só tinha uma senhora
E minha alegria se evapora
Não adianta me expulsar porque meu lar é aqui fora!
O tudo tarda cedo ou tarde os toldos são telhados
Tendo de vizinho o mano de um papelão do lado
Meu fardo é meu passado, conheço os meus intuitos.
Faço graça com a desgraça e sou mais feliz que muitos!
Desfruto do que sobra, sou fruto da frieza.
Quase o motivo do medo de quem deixa a luz acesa
Já passou das quatro sem lugar mesa nem rango
Na minha pele tu percebe que urubu na guerra é frango
E vai além do que se crê!
Olho seu carro por centavos mais será que Deus me vê?
Ou não fui perceber, por viver desconfiado.
Porque é de troco em troco que me sinto mais trocado
A noite cai...
Mais o céu ainda é distante!
A lua sai...
E hoje ela não ta minguante!
Ela ta cheia igual meu erro de não ter mudado antes
Tanto que desfiz do pouco hoje esse pouco é meu bastante
Amante da fé, que vou conseguir dormir.
Procurando lugares que nem minha sombra quer seguir
Hoje vou ficar aqui, longe de qualquer zumbi.
Se alguém chegar eu vou acordar quando meu cachorro latir
Ele não deixa mentir...
Pra cada esquina a história dobra
Sei que eu não tenho mais teto mais eu tenho chão de sobra
E o futuro começa agora
Nem só perde quem recua
Sobrevivo por instinto porque eu sou Filho da Rua!
J – Pioneiro’Surrealistas
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