- Mãe, eu tive um sonho?
- Que sonho, meu filho?
- Eu não sei... só que ele tinha cheiro de baunilha e gosto de pudim.
- Que sonho, foi esse menino?
- Não sei mãe, eu sei que acordei com esse cheiro e esse gosto aqui dentro da minha mente.
- E o sonho era só isso? – pergunta a mãe indignada com a lógica do filho.
- Por que tinha que ser diferente?
- Porque meu filho, um sonho não pode ser assim, ele ter que ter imagens, uma história, vc não se lembra de alguém que fazia parte desse sonho?
- Não, mãe, no meu sonho, não tinha imagem, não tinha história e não tinha gente. Ele só tinha gosto e cheiro.
- Oh meu filho, então tudo bem. Esquece isso e vá pra brincar...
Joana percebeu que Bento, estava muito quieto como se os pensamentos estivessem imersos a uma distância inalcançável.
Após um tempo, decidiu se aproximar do filho e acarinhou a sua cabeça. Bento se deitou no colo da mãe e com os olhos marejados disse:
- Mãe, será que eu tenho algum problema? Não consigo me lembrar de nada que você disse que o sonho deveria ter...
- Meu filho, você não tem problema algum. Nós adultos que procuramos lógica e entendimento em cada gesto, em cada atitude.
- Quer dizer então, que eu não sou doido? Pelo meu sonho ter cheiro de baunilha e gosto de pudim?
- Não, você não é doido. Você simplesmente me ensinou que as coisas são o que são, e quem dera eu pudesse acordar de um sonho com um gosto de pudim.
Os dois se abraçaram com cumplicidade.
Como diria um sábio escritor W. S “Somos feitos da mesma matéria dos nossos sonhos”
Bethiara Lima