quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A areia do tijolo.




A cor do sol encontra-se nublada, envergonhada
entre tranças, castelos de tijolos dourados, chinelos sem sola,
sorrisos carentes, vontades, mentes que mentem
vivendo o sonho de chutar aquela bela bola.

Respiro ares poluidos pela fragrância da maconha
minha alma não tem porta, fogão, chão, fronha
só existe eu, emaranhado nas núvens que refresca
minha favela linda ilustrada na face da criança risonha.

Vou crescendo crendo na oração que vovó Maria ensinou
em nome do Pai, do Filho e do espirito santo escrevo,
encontra-me, AQUI!, pois aqui estou.
ponderando minhas lágrimas, mantendo a calma
expressa em todos para-brisas num faról qualquer
sendo NOME, SOBRENOME, alguém por favor bata palmas
ao menos deixem eu comer com colher.
Escrevo a letra com as mãos,
por quê ensinaram-me a ser minúsculo?
cabe á mim soletrar cada palavra, desejos, cada gota do meu suor?
aonde encontro meu leito, minha esperança está úmida
não quero mais a pipa vermelha no alto do beco,
quero descançar meus muscúlos.
PRAZER! meu nome é Maloqueiro Alváres Cabral
sou filho da prostituta : Patriana São Paulo Capital
quero comer pão, estou com frio, tomei banho no rio
não faz mal, um dia meus passos será louvor celestial.
festejarei minha vitória ouvindo ruidos ilusórios
graves vozes gritando: OLHEM para ELE,
porpúrina, bandas, santa-ceia, casório
alegres estamos, eu mais eu, somente eu rindo deles.

Nesse universo paralelo vivo e perpetuamente viverei
cicatrizado pelo dia após dia,
eu sei, sempre soube, sempre saberei
nascerá uma nova vida para saber onde errei
qual o significado da luta, preconceitos, feridas
graças a DEUS, numa ensolarada tarde vencerei
a vitória de vivenciar essa vida querida,
AMÉM.

RENATO ALVES!