quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O poeta apaixonado.



Sou poeta apaixonado
amigo da vida
companheiro do tempo
que fui privado.

Sou poeta apaixonado
solitário andarilho
das estradas secas
e casas sem telhados.

Sou poeta apaixonado
cheio de bravura
lealdade e tolerância
um homem machucado.

Sou poeta apaixonado
popular como palhaço
dono do discurso solene
''amo e sou desprezado''.

Sou poeta apaixonado
pelo gosto da sorte
beijando seus lábios
meu céu ficou estrelado.

Sou poeta apaixonado
inimigo da mentira
cúmplice do amor
que por você foi esmagado.

Sou poeta apaixonado
verbalizo o silêncio
escrevendo na linha
dum devaneio amado.

Sou poeta apaixonado
escravo da ternura
leva-me ao paraíso
desse mundo iluminado.

Sou poeta apaixonado
cultivador de uva
delicado no toque
apreciador do sabor apurado.

Sou poeta apaixonado
ressuscitado e livre
da imensa amargura
dum coração petrificado.

Sou poeta apaixonado
artista das dores
vitorioso menino
pronto à ser desmamado.

Sou um poeta apaixonado.
sou poeta apaixonado
poeta apaixonado
apaixonado.

Renato Alves

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A areia do tijolo.




A cor do sol encontra-se nublada, envergonhada
entre tranças, castelos de tijolos dourados, chinelos sem sola,
sorrisos carentes, vontades, mentes que mentem
vivendo o sonho de chutar aquela bela bola.

Respiro ares poluidos pela fragrância da maconha
minha alma não tem porta, fogão, chão, fronha
só existe eu, emaranhado nas núvens que refresca
minha favela linda ilustrada na face da criança risonha.

Vou crescendo crendo na oração que vovó Maria ensinou
em nome do Pai, do Filho e do espirito santo escrevo,
encontra-me, AQUI!, pois aqui estou.
ponderando minhas lágrimas, mantendo a calma
expressa em todos para-brisas num faról qualquer
sendo NOME, SOBRENOME, alguém por favor bata palmas
ao menos deixem eu comer com colher.
Escrevo a letra com as mãos,
por quê ensinaram-me a ser minúsculo?
cabe á mim soletrar cada palavra, desejos, cada gota do meu suor?
aonde encontro meu leito, minha esperança está úmida
não quero mais a pipa vermelha no alto do beco,
quero descançar meus muscúlos.
PRAZER! meu nome é Maloqueiro Alváres Cabral
sou filho da prostituta : Patriana São Paulo Capital
quero comer pão, estou com frio, tomei banho no rio
não faz mal, um dia meus passos será louvor celestial.
festejarei minha vitória ouvindo ruidos ilusórios
graves vozes gritando: OLHEM para ELE,
porpúrina, bandas, santa-ceia, casório
alegres estamos, eu mais eu, somente eu rindo deles.

Nesse universo paralelo vivo e perpetuamente viverei
cicatrizado pelo dia após dia,
eu sei, sempre soube, sempre saberei
nascerá uma nova vida para saber onde errei
qual o significado da luta, preconceitos, feridas
graças a DEUS, numa ensolarada tarde vencerei
a vitória de vivenciar essa vida querida,
AMÉM.

RENATO ALVES!